UM OLHAR CRÍTICO SOBRE O MUNDO E A SOCIEDADE

VISÃO DO INSTITUTO SÃO JOSÉ

A visão do Instituto São José constitui o horizonte para o qual estão voltados todo o processo e as ações educacionais que desenvolve. Traduz e expressa aquilo que ele quer ser na sociedade onde está inserido e a quem serve. Envolve as metas estabelecidas em seu Projeto Pedagógico, traçadas de forma global, com estratégias definidas para o alcance de curto, médio e longo prazos. Define, enfim sua intenção educacional e sua forma de presença, atuação e intervenção na sociedade. Segundo este enfoque, resumimos a formulação da VISÃO DO ISJ, nos seguintes termos:

O ISJ, INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL PERTENCENTE À ASSOCIAÇÃO DAS IRMÃS MISSIONÁRIAS CAPUCHINHAS, QUER SER UMA REFERÊNCIA NA SOCIEDADE, QUANTO À QUALIDADE, SERIEDADE E EXCELÊNCIA NO SEU TRABALHO EDUCACIONAL, SENDO ESPAÇO DE MISSÃO, DE EVANGELIZAÇÃO, PROMOÇÃO HUMANA E SINAL ANUNCIADOR DA PAZ E DO BEM(...)


VISÃO DE MUNDO:

O Instituto São José, para um crescente desempenho de seu papel no mundo, na sociedade e na vida do ser humano, está sempre voltado para o mundo, com um olhar que permita uma visão ampla e profunda da realidade global da qual se constitui uma célula viva.

Um olhar sobre o mundo pós-moderno possibilita a visão de um mundo exausto da modernidade, da excessiva valorização do humano e negação do Divino, entrando em processo de desecularização, marcado por um acentuado sincretismo e pluralismo cultural-religioso, caracterizado pelo fenômeno de um mundo global e policêntrico. Um contexto de mundo que possibilita uma mobilidade humana intercontinental mais intensa e sua consequente mobilidade cultural, ocasionando um desenraizamento cultural, mesmo enquanto favorece o intercâmbio intercultural, cientifico, religioso, étnico. Enfim, uma realidade que acarreta o desafio de integrar e gerir as riquezas da alteridade, no convívio harmonioso e promissor com as diferenças. O fenômeno da mundialização, também interfere no principio da soberania das nações, que é afetado pelo monopólio da comunicação por nações que detém e se apropriam dos avanços das tecnologias de informação e impõem o seu poder de intervir nas relações mundiais, ambas movidas pela velocidade com que as transformações se processam. Avanços, sobretudo científicos e tecnológicos que merecem ser olhados sobre duas vertentes: uma que constitui fator de favorecimento na aprendizagem, na construção do saber e de uma visão mais ampla do mundo, num tempo identificado como a Era do Conhecimento. A outra, acarreta as distorções, desigualdades e desequilíbrios decorrentes da exclusão de grande parte da população do gozo de seus benefícios.

Neste contexto de mundo pós-moderno, o fenômeno religioso se manifesta por certas formas de espiritualidade ambíguas, com uma prática religiosa centrada no sentir e norteada por uma mística panteísta, marcada pelo retorno ao fundamentalismo, características estas, muito próprias da Nova Era (Fenômeno Religioso da Pós – Modernidade).

O fator econômico é determinado pelo mercado e pela idolatria do consumo, em que o “homo sapiens” e superado pelo “homo faber”; onde os princípios da dignidade humana, os valores, sobremodo, os transcendentais e as expressões de uma ética planetária são obscurecidos e ou negados pela trilogia do ter, do poder e do prazer. Isto, nas relações das pessoas consigo mesmas, com o outro, com as coisas, com o meio ambiente, com o cosmos e com Deus.

Estas, entre outras, constituem características do contexto pós-moderno que interpelam e desafiam a educação para a formação de um novo homem, uma nova mulher, como agentes da construção de um novo mundo, com os quais estamos comprometidos (as).

VISÃO DE SOCIEDADE:

A visão da sociedade remete-nos para o fenômeno da teia de relações que se estabelecem em todos os níveis do viver humano, no trato consigo mesmo e com todas as criaturas e o seu Criador. O isolamento individualista no próprio mundo, fechado e alheio ao que acontece em sua volta, aliado ao capitalismo tirano e excludente, contrapõe-se aos movimentos e projetos sociais que buscam promover a sustentabilidade da vida com qualidade e dignidade, bem como a sobrevivência e equilíbrio do próprio planeta Terra.

Capitalismo, consumismo, individualismo e competição são as alavancas do crescimento das desigualdades sociais e da violência, potencialmente geradoras do desemprego, da fome, da miséria e toda forma de exclusão e degradação da vida, em todas as suas dimensões.

A violência manifesta nas diversas formas de agressividade, desde o núcleo familiar até os mais diversificados agrupamentos sociais, alimentada e fomentada pelos sistemas de comunicação, assume o que se poderia chamar de organização institucional. A corrupção, o crime organizado, o narcotráfico, a guerra, a impunidade, avassalam os bairros, as favelas, as periferias e centros urbanos, espalhando insegurança, medo, destruição e morte. Em todo e qualquer lugar, a humanidade está ameaçada.

A educação, reconhecida como o caminho por excelência para dar novos rumos à humanidade, não encontra espaço nas escalas de prioridades dos sistemas e políticas governamentais e sociais. Não há suporte para uma educação de qualidade, a partir da própria família, bem como da pouca valorização dos profissionais da educação, e, não só o pouco investimento, como a má aplicação dos recursos que lhe são destinados. Sem o referencial da educação os canais de resgate e crescimento sócio-econômico são obstruídos, pois até mesmo a consciência dos próprios direitos tem pouca consistência, sem o compromisso com os direitos do outro, sem responsabilidade social, indispensável na construção da cidadania. Uma sociedade sem suporte educacional vive num estado de alienação sócio-política que causa a não intervenção transformadora na realidade.

A dificuldade e até mesmo a intolerância face à diversidade e pluralismo étnico – cultural e religioso geram preconceitos, ignoram a importância da ética nas relações e conduta dos diferentes grupos humanos.

Por outro lado, emergem de toda essa realidade, as manifestações dos anseios da humanidade por uma sociedade verdadeiramente humana, justa, fraterna, solidária, feliz. Ecoa de todos os lados o grito por um mundo de paz, um mundo com Deus e para Deus, e por cuja causa muitas vozes são silenciadas, por um silêncio que fortalece a esperança e a coragem de tantos que acreditam e lutam por um mundo melhor, pelo “Paraíso” sonhado por Deus.