RELATO DE ALGUMAS RECORDAÇÕES DE MINHA VIVÊNCIA COMO PROFESSORA DO ISJ

Quando me foi solicitada uma contribuição para os registros da história do Instituto São José, no primeiro momento pensei que seria grande o risco de esquecer algo importante. Mas, ao parar um pouco e deixar fluírem naturalmente as recordações, contatei mais uma vez que as emoções vividas superam a minuocisidade e a precisão da narrativa dos fatos.Acabam sendo elas o que cala mais fundo na memória. Talvez até esqueçamos o nome ou as feições de alguém, mas nunca os sentimentos e as emoções que nos despertou.(...)
Fui professora no Instituto São José no período compreendido entre os anos de 1991 a 1997. Foram sete anos de história que marcaria a minha vida profissional e pessoal.
Iniciei minha trajetória como professora de Geografia nas sala de aula da 5° a 7° série, num total de sete turmas. Acreditem, lembro do primeiro dia: eu não poderia parecer de forma alguma que estava tão assustada! Para mim, era novo estar ali, com tantos rostos a me olharem, esperando algo que eu não sabia direito o que era nem – isso passaria a ser uma preocupação constante e uma meta a atingir – se estava preparada para fazê-lo.
Cada experiência, cada momento da vida contribui para dinamizar a nossa existência; as cores e as dores de nossa caminhada moldando nossos conceitos, atitudes, palavras, reformulando nossa história. Foram muitos os momentos grandiosos que vivi no Instituto São José, alguns dos quais eu gostaria de poder reproduzi-los em palavras... como os olhares, os gestos,a inocência, as dúvidas e as certezas, o medo e a ousadia, o calor humano e a indiferença de crianças que, afoitas – sem saber o quão linda e leve era aquela fase de suas vidas – queriam ser adultas antes da hora. Outras, que teimavam em ser crianças ainda mais do que realmente eram. E, no meio delas, entre textos e mapas, exercício e “prova”, eu ia me descobrindo como professora e ser humano, aprendendo muito com todas elas; acertando e errando, como em toda caminhada. Ah, os erros! Como seria reconfortante poder voltar e apagar algumas coisas que fizemos ou dissemos! Mas,será que aprenderíamos se as apagássemos? Ou se, mantendo-as na memória - para nos fazeres lembrar de nossas limitações- , não nos servem como um farol para as próximas pegadas?
O Instituto São José deixou um registro maior do que todos na minha caminhada ali. Ele se reproduz nas palavras que Irmã Paz me proferiu certa vez, há alguns anos: “havia muito amor entre você e os alunos”.
Hoje, reencontro alguns já casados, Com filhos, trabalhando... outros foram embora, nunca mais os vi. Não posso afirmar se fui importante na vida deles ou se o que aprenderam comigo lhes foi útil. Mas, sem dúvida, ensinaram-me muito.
Atualmente sou mãe de crianças que no Instituto São José constroem a sua própria história e a da escola nesses 60 anos que se aproximam.
Quando entro ali, não é mais o grito de “oi tia!” que escuto, mas se der um tempinho na pressa, parar um pouco e olhar aqueles corredores e galerias, aqueles pátio e salas, voltar no tempo, em algum canto da memória talvez ecoem umas vozinhas, entre risos inocentes e sinceros, desejando, em uníssono: “Boa tarde, tia Angélica!”.

A todos os que fizeram e fazem história do Instituto São José, a minha estima e o respeito.
A todos os meus alunos de 1991 a 1997, a minha saudade e o meu “muito obrigada”.

Ana Angélica Soeiro de Brito