REFLEXÃO DO EVANGELHO DOMINICAL - Lc 9, 51-62 - 13º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C

OS SAMARITANOS - Os samaritanos moravam numa região montanhosa no entorno da cidade de SAMARIA, na região central da Palestina, entre a Judeia e a Galileia. A cidade de Samaria foi fundada pelos próprios israelitas, mas ela se tornou um centro de discórdia desde que foi tomada pelos assírios em 722 a.C. O motivo do desacerto partiu dessa intervenção empreendida pelo conquistador: 30.000 israelitas, ou seja, 20 % dos que moravam na região, foram deportados de lá em troca de outro tanto de colonos assírios. Isso foi suficiente para mesclar o povo samaritano que conhecemos: um povo discriminado e desprezado pelos judeus. Os judeus não se comunicavam com os samaritanos, chamavam-nos "odiosos invasores semi-pagãos". Os samaritanos, por sua vez, incomodavam os peregrinos que subiam a Jerusalém(...)

Mas, sucitamente, quais eram as divergências entre judeus e samaritanos?

- Embora a maior parte dos samaritanos praticasse o monoteísmo, parte deles adoravam seus deuses de origem.

- Os samaritanos aceitavam os cinco primeiros livros da Bíblia, mas não aceitavam o Talmud (o livro dos costumes e tradições judaicas).

- Os samaritanos rejeitavam a importância religiosa de Jerusalém e tinham seu próprio templo em Garizim e depois em Siquém. Famosa foi uma retaliação samaritana ao desprezo judeu. Eles jogaram um saco de ossos humanos no recinto do templo de Jerusalém. O acinte não podia ser maior.

Ainda hoje, habita lá um grupo de samaritanos, que constitui a seita mais antiga e menor do mundo.

OS MENSAGEIROS "ENTRARAM NUM POVOADO DE SAMARITANOS, PARA PREPARAR HOSPEDAGEM PARA JESUS"

Como dissemos acima, os samaritanos, em relação ao desprezo permanente que sofriam dos judeus, incomodavam os peregrinos que iam para Jerusalém. Eles tinham seu próprio templo em Garizim. Tiago e João devem ter recebido uma má acolhida por parte daquele povo, pois saíram desejando um tratamento a ferro e fogo para eles.

"SENHOR, QUERES QUE MANDEMOS DESCER FOGO DO CÉU PARA DESTRUÍ-LOS?"

- Os discípulos de Jesus, mesmo aqueles mais íntimos, como Tiago e João, acreditavam que o seu Jesus era um Messias-rei, que tratava seus inimigos a ferro e fogo, como os reis daqueles tempos. Jesus acena para eles com a imagem de um messias mais humano, o Messias Filho do Homem. O Jesus deles, na realidade, é um homem que não tem residência fixa e que não tem nem um lugar certo para dormir, uma situação pouco abaixo dos pássaros e das raposas. Essa miragem de um Jesus coroado de ouro permaneceu sempre na cabeça dos discípulos. Eles devem ter se decepcionado quando o viram coroado de espinhos, vestido num manto real emprestado, aos pés de Pilatos; tanto que Jesus só viu ao pé da cruz a figura de João. Mas o sofrimento e a renúncia que Jesus aponta não é o ponto final de uma vida. É o caminho para a exaltação, para a glória, para a ressurreição. Essa via-sacra de desapego e privações que os seus discípulos têm que enfrentar no seu roteiro de vida Jesus vai mostrando em sua marcha para Jerusalém, isso, sim, é mais importante que as simples questiúnculas entre samaritanos e judeus, mais importante que o "saudosismo" familiar, do que o apego aos parentes. O cumprimento desse roteiro deve ser realizado com mais atenção do que deve ter aquele que pega o arado e fica a olhar para trás sem o medo das pedras que pode encontrar na frente.

- E NÓS, QUE CAMINHO PRETENDEMOS SEGUIR?

...um caminho que nos leva direto aos píncaros da glória, a uma vida folgada conquistada com dinheiro...ou a um prêmio muito maior, que virá depois de uma vida de renúncia?

FRANCISCO VALMIR ROCHA

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